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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

HERBERT DE JESUS SANTOS

( Brasil – Maranhão )

 

 

        Herbert de Jesus Santos, jornalista (egresso do Curso de Comunicação Social da UFMA), poeta e prosador, é maranhense de São Luís, nascido na Madre de Deus, onde foi militante em movimentos socioculturais e começou sua lida pela preservação das preciosidades
folclóricas, como o secular Boi de Matraca da Madre de Deus.

         Este interesse cresceu, como um dos fundadores da Associação dos Bumba-Bois da Ilha (ABMI), que gerenciou, em regime de comodato, o Parque do Folclore da Vila Palmeira, em 1995, quando, pesquisador, encontrou na Biblioteca Pública Benedito Leite, em jornais do séc. 19, e em outras fontes, alguns indícios da origem do Bumba-meu-boi no Maranhão. Também, compositor, é ligado a agremiações carnavalescas, quanto à Escola de Samba Turma do Quinto e à União das Escolas de Samba do Maranhão, das quais foi dirigente.

 

        Possui prêmios jornalísticos e literários, numa carreira que começou, em 1983, com Uma Canção Para a Madre de Deus (poemas), seguida de Um Dedo de Prosa e Bazar São Luís: Artigos para Presente e Futuro, estes dois, de crônicas, vencedores em primeiro lugar, respectivamente, em Concurso do Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado-Sioge (1984) e da Secretaria de Estado da Cultura-Secma (1987).

 

        Bibliografia: Uma Canção Para a Madre de Deus (poesia 1984); Um Dedo de Prosa (crônicas, 1986, premiado em concurso literário do Sioge) e Bazar São Luís: Artigos Para Presente e Futuro (crônicas, 1988, premiado em concurso literário da Secma e tema do samba-de-enredo da Escola de Samba Unidos de Fátima, no carnaval de 1989); Quase Todos da Pá Virada (contos, 1993); São Luís em PreAmar: Ainda Assim, há um Azul!, poesia, 2005); A Segunda Chance de Eurides (novela, 2007, premiada no Concurso Literário Cidade de São Luís, da Func); Serventia e os Outros da Patota (contos, 2008, Prêmio Literário Cidade de São Luís, da Func); Peru na Missa do Galo-Contos de Natal (2009); ensaio: Ofício de São Luís: Bernardo Coelho de Almeida, Coração em Verso e Prosa (Prêmio Literário Cidade de São Luís, 2009, da Func); Antes que Derramem a Lua Cheia (crônicas, 2010); e Um Terço de Memória, Entre Anjo da Guarda e Capela de Onça, e os Heróis do Boi de Ouro (A História de Fato e de Direito do Bairro Anjo da Guarda, 2011).

 

        Inéditos: Brilhantes no Tempo de Cada Um (São Luís em Verso, Prosa e Quatrocentona); de crônicas: A Ilha em Estado Interessante, Mais Ouro do que Bronze, Sotaque da Ilha Grande, O Folclórico Pescador João Mia Gata e Seus Chegados em Ribamar;  e As Vozes do Sobrado Maia (Por Dentro dos Apicuns, do  ÁS Nego Lápis ao Genial Jornalista e Escritor Erasmo Dias); poesia: Hábito de Luz, Romanceiro de São Luís na Casa dos Quatrocentos, etc.; contos: Por Dentro dos Apicuns de Nego Lápis e Erasmo Dias, etc.;

                       

Em andamento: Esses Breves Carnavais que Nunca Passam (crônicas); memória: Tudo Vale Atenas, se a Alma não é Pequena; romance O Amor de Negro Cosme e Áurea.

 

 

SANTOS, Herbert de Jesus.  São  Luís em PreAmar: ainda assim, há um azul!.  São Luís, Lithograf, 2005.  
                                                        Ex. bibl. de Antonio Miranda

 

 

A Cidade do Alto

 

Fotovista do meu aeroplano,

São Luís parece ser o seu maior poeta

e sabe ser grande na certa,

e não precisa mais levar cano.

A Cidade padece em linha reta,

é o poeta que mais sofre de verdade,

porque é ferida mais e maior,

que não fica só na saudade,

como a maior dos seus poetas.

Esta Cidade não se cala do

que se cala o poeta mais calado,

quando quer ser submisso

e nos faz ouvidos de mercador.

Não se rende e do

que é poeta rendido

e que só se rebela, ofendido,

quanto a Rainha da Inglaterra,

que reina, e não governa!

Se esta Cidade fosse só minha,

ninguém teria autoridade de esfarela

nem o mau agouro de uma asinha,

para olhá-la já nela,

e humor de erva daninha,

para chutá-la cá nela;

nem só pensava em cozinha,

para socá-la pá nela,

e nenhuma ordinária bonitinha

a atrairia à esparrela,

e neutralizaria os aventureiros,

na intenção de que o seu maior espírito cancela!

 

 

 

Luz à Cidade Partida

(Réquiem para Oswaldino Marques)

 

Quando Oswaldino Marques partiu

para assuntar mais de perto a outra dimensão,

a maior parte do Mundo não estava lá,

mas sentiu por boa parte do Mundo,

porque é a alma, não o corpo, que pressente tudo.

Mas aqui, em São Luís, Nem Seu Souza fala,

pois é a alma que está carregando o corpo,

e este tem a forma e o peso de uma cruz!

São Luís (a das constelações brilhantes,

pois não descosturavam as suas cabeças-pensantes)

também sumiu, no céu da pátria azul de anil,

porque está vencido, aqui, quase tudo o que era doce!

Esta, agora, nem sequer desconfia do tamanho das perdas

dela e do filho que (se) foram.

Sentirão Oswaldino Marques as traduções fiéis

de maiores cocos do Universo;

o soneto a voz concerto de um orfeão;

a palavra a construção a prumo,

como um edifício plantado definitivamente;

o respeito do mestre literato

à altura do sonho brasileiro¸

quanto se fossem a Luz e o Direito,

A Bailarina e o Horizonte –

um dos seus maiores livros.

Ah São Luís das pedras nos profetas e rasteiras,

da mortal cicuta aos teus sábios,

era para aliviar os ombros dos teus cristos,

mas, por falta de fortuna altaneira,

estão costurando a maior cruz nos teus bons filhos!

Réquiem para o que foi te fazer maior —

na predisposição para a Cultura—

em erudição e verbo para o Sol,

nesta e em outras bandeiras,

todas hasteadas no mesmo pau de arrebol,

e pôs na poesia nações inteiras!

Espinho e ouros cabem na mesma fronte,

mas parece que, aqui, mais vale a pena capital.

São Luís, Mãe, teu filho Oswaldino Marques

acabou dormindo! Agora mesmo é que sonha

mais longe com o campo da sintaxe e do real!

_____________

Oswaldino Marques, poeta, ensaísta, tradutor, crítico literário, catedrático de

Literatura em universidades brasileiras e americanas, nasceu em São Luís(MA), a

17.10.1916, e faleceuem Brasília (DF), a 13.5. 2003.

 

 

 

Os Tambores de São Luís

(Ao romancista conterrâneo Josué Montello)

 

Herbert de Jesus Santos

Conheço de cor e salteado, e em pilha,

os tambores que me estão à flor da pele.

São o meu sangue nas veias

e rufam e crioulam os séculos da Ilha

e são¸ às vezes, a minha própria telha.

Ganhei-os de presente do negro africano,

meu ancestral, que no futuro impôs

meu pulsar da Liberdade e falas,

e as pelejas que o bumba-meu-boi tem,

e que se firmaram nas senzalas

contra a pequenez das casas-grandes,

até se transformarem num meu bem!

Esses tambores, que batucam muito,

às vezes, de acordo com o meu coração,

dizem o que o peito da Cidade sente, no fundo,

e pressentem sua grande meta — a continuação.

Encontram-se de bom tamanho,

também, nas gumas reverentes

da Casa das Minas e da Casa de Nagô,

aos guias da raça da nossa gente,

que ajudou com sangue a formação do andor

do Povo e da Cultura Maranhense.

Aguçam, em rebuliço, minha herança,

na válvula de escape, igualmente,

dos blocos e escolas de samba,

na raiz do som nacional,

que desfilam em cores fantasias,

transpiram tema ou enredo tal,

porque botamos o coração na frente,

enquanto bem festeja e encanta a poesia!

De longe, eles avisam ao navegante, aqui,

cara de tambor que amanhece amor,

e que tambor pequeno quando fala, aí,

é por que o grande já falou!

Coisa de relógio e de irmão:

Me tocam muito fundo

e São Luís do Maranhão!

 

 

O Roubo da Missa do Galo

(Ao poeta Nascimento Morais Filho,

nos seus 80 anos de vida, em 15.7.2002)

 

Notícia ruim vem a cavalo,

resume a sapiência popular.

Mas, aqui, o exigiram até matá-lo

que seu galope, agora, vem ao celular!

Façanha das trevas é perigosa,

quando o Bem se verga para o Mal,

e há, aqui, uma tão capciosa,

que passou despercebida do jornal.

Roubaram a Missa do Galo,

que era, normalmente, à meia-noite,

e ainda puderam esganá-lo

com a violência de um açoite.

O papa — no rico Vaticano,

o bispo, no pobre Maranhão:

O papa culpa o consumismo;

o bispo fala em precaução.

Mas roubaram a Missa do Galo

e o nosso canto e o esporão!

Quem roubou a Missa do Galo,

também roubou do maranhense a valentia

e o nosso costume de amá-lo,

cantando, no terreiro, a honraria.

Quem roubou a Missa do Galo,

ameaça a vida e a melhoria

coletiva e fortalece o badalo

dos podres de rico e picardia.

Quem roubou a Missa do Galo,

corrompe o alimento e a moradia

da esperança, onde o melhor halo

prefere a precisa companhia.

Quem roubou a Missa do Galo,

não conhece a certeza de um bom-dia

e deixa a boa-fé morta num talo,

e de malefício contagia.

Conformação, aqui, é um estalo

de cócoras, em terra de jia,

e mesmo na questão Missa do Galo,

que tem na meia-noite a liturgia.

Quem procede assim usa os erros,

num torrão outrora venerado,

por leis, justiça e governos,

que favorecem mais a vida do errado!

Então, vivemos mais em terra arrasada,

muito pior do que a de outrora,

e sabem que a Cruz está mais pesada

que já nascem Jesus antes da hora!

Todo preço é muito alto para um calo,

e estrangularam A Voz do Maranhão.

Se roubaram até a Missa do Galo,

queixa ao bispo já é força de expressão!

 

 

 

*

VEJA e LEIA outros poetas do MARANHÃO em nosso Portal:

 

 

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/maranhao/maranhao.html

 

 

Página publicada em março de 2023


 

 

 
 
 
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